Torne-se um Pesquisador de Sucesso

Receba por e-mail dicas estratégicas para pavimentar o caminho da Graduação ao Mestrado e ao Doutorado! 

Língua estrangeira: dominar outro idioma é essencial para cursar mestrado em direito

  • Home
  • /
  • Blog
  • /
  • Língua estrangeira: dominar outro idioma é essencial para cursar mestrado em direito

Atualizado em junho 13, 2021

A seleção de mestrado em direito já é bastante estressante em si mesma. O nível de exigência e a concorrência são bastante elevados e as várias etapas testam intensamente o conhecimento jurídico e metodológico dos candidatos. Apesar disso, muitos bons candidatos são eliminados por um item que muitas vezes passa  despercebido: a proficiência em uma língua estrangeira. 

No post de hoje, discutirei os motivos para os editais de processo seletivo de mestrado e doutorado cobrarem a proficiência em, ao menos, uma língua estrangeira. Além disso, também apresentarei algumas dicas importantes para que você possa aprender o suficiente de outro idioma a fim de se sair bem no exame.

Por que os editais de mestrado e doutorado cobram o domínio de ao menos uma língua estrangeira?

A pesquisa científica pressupõe a circulação de informação não apenas no nível nacional, mas também internacionalmente. É importantíssimo que mestres e doutores apresentem proficiência em ao menos alguns idiomas falados nos principais centros científicos do mundo. Afinal, nós brasileiros, também precisamos participar desse diálogo!

Não se trata apenas de trazer ao país parte da produção científica internacional, “importando” o que se faz em outros países. Trata-se também de “exportar” nossa produção, escrevendo textos científicos e publicando-os em outras línguas. Alguns puristas sustentam que esse “pensamento” significa subserviência a outros países. todavia, nada está mais longe da verdade. Na verdade, escrever em outras línguas é importante para mostrar aos outros países que também fazemos ciência com qualidade.

Além disso, a pesquisa acadêmica de qualidade exige que o mestrando/doutorando demonstre o conhecimento do que há de mais relevante no tema estudado. Por isso, uma boa revisão bibliográfica exige que o pesquisador se refira à produção de autores estrangeiros relevantes para o tema. 

Cuidado com armadilhas causadas pela falta de conhecimento

Sem o domínio da língua em que a obra citada foi publicada,  o pesquisador pode cair em algumas armadilhas. Em primeiro lugar, sua pesquisa pode ser arruinada por uma confiança cega em traduções mal feitas. É difícil, por exemplo, encontrar as obras de alguns autores bem traduzidas para o português. As traduções das obras de Habermas ou Luhmann para o espanhol ou, especialmente, para o inglês, rotineiramente são melhores que as traduções para o português. Em alguns casos, a leitura se torna até mais simples! Ou seja, mesmo sem saber ler em alemão, é possível ter um bom domínio dos principais textos de um autor.

Em segundo lugar, conhecer bem o idioma possibilita libertar-se da interpretação oficiosa de comentadores nacionais. Ao ler a obra no original ou em uma boa tradução para o inglês ou espanhol, você se torna capaz de avaliar, inclusive, interpretações mal feitas que autores nacionais podem ter feito dos autores utilizados.

E, de sobra, você passa a ter acesso a um universo infinito de outras obras que podem elevar muito a qualidade de sua pesquisa

Quais os idiomas mais comumente cobrados nos cursos de pós-graduação stricto sensu em direito? 

Os editais de mestrado e doutorado em direito preveem que os candidatos devem demonstrar a proficiência em ao menos uma língua estrangeira entre as especificadas. Usualmente, cobram que o candidato demonstre o conhecimento em um dos seguintes idiomas: inglês, francês, alemão ou italiano. No caso do mestrado, exige-se o domínio de uma língua. No doutorado, alguns editais exigem a proficiência em duas das línguas descritas. 

Perceba que não mencionei o espanhol. É certo que alguns programas permitem que o candidato submeta o espanhol como idioma estrangeiro. Contudo, a maioria dos editais exclui a língua. O motivo para essa aparente discriminação da língua de Cervantes é de fácil compreensão. Dada a sua similitude com o português, parte-se do pressuposto de que um acadêmico em condição de cursar um mestrado em direito é capaz de, com pouco esforço, compreender um texto redigido em espanhol. Presume-se, assim, o conhecimento da língua.

Inglês é a língua oficial do meio acadêmico internacional

Se você tem tempo de aprender apenas uma língua estrangeira, não tenha dúvidas: domine o inglês. 

A maior parte da produção acadêmica internacional é publicada na língua de Shakespeare. As boas revistas acadêmicas são publicadas em inglês. Além disso, os principais autores franceses, alemães, austríacos, italianos etc. também publicam em inglês. Assim, ao aprender a língua inglesa, você terá acesso às principais obras publicadas no mundo. E ainda poderá ter à mão as discussões mais atualizadas de seu objeto de pesquisa.

Evidentemente, essa é uma regra geral. Muitas vezes, a própria pesquisa exige o domínio em outra língua, diversa do inglês. Se sua pesquisa, por exemplo, é baseada em um autor italiano específico, que não tem muitos textos traduzidos para o inglês, é importante conhecer a língua latina para ter acesso aos textos originais do autor. 

Adequação entre o idioma escolhido e a pesquisa é fundamental

Até por isso, alguns editais já preveem que, ao invés de se submeter a uma avaliação do idioma escolhido, o candidato demonstre que tem conhecimento dos idiomas necessários a sua pesquisa. Não bastaria, nesse sentido, escolher um único idioma para o mestrado ou dois para o doutorado. Nesse caso, o aluno teria que demonstrar ter conhecimento suficiente para desenvolver sua pesquisa.

De toda sorte, o inglês é fundamental. Vamos voltar ao exemplo anterior. Mesmo que você pesquise exclusivamente a obra de um autor italiano, é praticamente certo que haverá material secundário importantíssimo sobre o autor, mas publicado em inglês. E, assim, será interessante conhecer o idioma anglo-saxão para desenvolver uma boa pesquisa. Conhecer os principais comentadores de um autor central para a pesquisa é parte substantiva de uma boa dissertação ou tese.

Como dominar uma língua estrangeira para os exames seletivos de mestrado ou doutorado em direito?

Não tem jeito: estudar é a única forma de dominar bem uma língua estrangeira. Eu adoraria dizer que basta estudar um pouquinho todo dia. Mas não é assim que as coisas são. É preciso dedicação para conhecer um idioma em suas nuances.

Se seu objetivo é apenas “ser aprovado”, é possível traçar um plano emergencial. Em tese, é possível aprender um idioma em prazo mais curto, de até seis meses. Há cursos instrumentais, que objetivam apenas qualificar o candidato a ter um domínio básico do idioma. Pode ser o suficiente para conhecer suas principais estruturas, mas não muito mais que isso. O risco dessa estratégia é ficar suscetível a “tropeçar” em certas estruturas linguísticas parecidas com a do português, mas que têm sentido diverso no idioma estrangeiro. São os chamados falsos cognatos.

Vários editais preveem, ainda, o uso de dicionários. Se esse é o caso e você não tem um bom domínio da língua, não tenha dúvidas. Leve um bom dicionário com você. Se possível, leve dois: um dicionário da língua escolhida para o português e um outro dicionário nativo, que explique os termos na própria língua estrangeira. Essa estratégia pode ser muito útil para compreender o sentido exato do termo ou da frase. Melhor ainda, se também for permitido, leve um dicionário de sinônimos (um thesaurus), que pode facilitar o entendimento do texto.

Além disso, é preciso ter uma noção estratégica do modo pelo qual o conhecimento em língua estrangeira é aferido. Compreender como a avaliação será feita pode fazer toda a diferença.

[optin-monster-shortcode id="nkwkktc754hcy9vbagnb"]

Como são estruturadas as provas de conhecimento em língua estrangeira nos programas de mestrado em direito?

Existem, basicamente, três sistemas de avaliação do domínio da língua estrangeira em provas de mestrado e doutorado:

(a) sistema de prova de conhecimentos organizado pelo próprio curso de pós-graduação:

É o sistema mais comum de avaliação. O candidato se submete a uma prova organizada pela banca examinadora. A avaliação normalmente consiste na leitura de um ou mais textos escritos no idioma avaliado. Em seguida, o candidato deve responder a perguntas sobre o texto, em português. A dificuldade pode variar bastante de uma prova para outra, a depender do texto examinado. Com um domínio meramente instrumental da língua, é bastante provável que o candidato demore excessivamente a ler o texto e ainda “tropece” em determinadas estruturas, falsos cognatos. E na má compreensão.

Tire vantagem do fato de que , usualmente, essas provas são respondidas em português. Atenha-se às perguntas. Evite digressões longas. Procure, no texto, pistas que facilitem responder rapidamente a questão. Uma estratégia que costumo recomendar é a seguinte: escreva a resposta sucintamente em um ou dois parágrafos, para responder diretamente à pergunta. Em seguida, desenvolva a resposta mais profundamente. Com base nos elementos extraídos do texto, busque demonstraum domínio mais profundo do texto. Caso você perca muito tempo lendo o texto, ainda assim terá respondido, ainda que superficialmente, a questão.

(b) sistema de prova de conhecimentos em idioma estrangeiro aplicada por outra entidade:

É o caso da FD/USP, que atribui à FUVEST a avaliação do domínio do idioma estrangeiro. Alternativamente, o candidato pode demonstrar o domínio da língua mediante certificado de aprovação em prova de proficiência.

Trata-se de uma prova bem técnica. Contudo, um bom treinamento em um curso instrumental pode facilitar sua vida. Além disso, vale a pena fazer vários simulados. Se possível, utilize provas passadas para testar seu conhecimento. Normalmente, é uma prova mais “perigosa", porque muitas vezes é impossível “enrolar”, na medida em que a prova cobra conhecimento de gramática mais aprofundado.

(c) sistema de autodeclaração:

É o sistema mais “fácil” para o candidato. No fundo, não exige a demonstração cabal de qualquer conhecimento. Basta declarar que se conhece a(s) língua(s) necessárias à conclusão da pesquisa.

É um sistema mais suscetível a fraudes, já que o candidato não precisa necessariamente demonstrar o domínio em qualquer idioma, bastando a simples declaração. A FD/UnB, por exemplo, adota esse sistema, que pode (e deve) ser aperfeiçoado, por exemplo, exigindo-se dos candidatos que demonstrem a proficiência alegada, mediante certificados de conclusão de línguas ou de aprovação em exames de proficiência.

Ressalto que, em qualquer caso, é usual que as faculdades autorizem a demonstração do conhecimento mediante a apresentação de certificado de aprovação em prova de proficiência, como as  TOEFL, CAE, Goethe, Delphi, Cervantes etc.

No fim das contas, se você tem o objetivo de cursar um mestrado em direito, o ideal é começar a estudar um ou dois idiomas o mais rápido possível. Ainda que você não seja aprovado em sua primeira tentativa, o esforço constante para aprender outros idiomas facilitará muito seu acesso a um programa de mestrado no futuro.

Portanto… comece hoje a pavimentar o seu caminho!

Minha missão é impulsionar seu sucesso acadêmico. Do projeto de pesquisa à tese de doutorado, ensino estratégias que facilitam o caminho de quem deseja seguir na carreira acadêmica.

Fábio Portela

Como podemos ajudar em sua trajetória acadêmica?