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3 mentiras que contaram a você sobre o mestrado

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Atualizado em setembro 2, 2020

mentiras sobre o mestrado

Cursar um mestrado é desafiador por si só. São muitas noites de sono perdidas, longas horas refletindo sobre o objeto de estudo, a melhor abordagem para escrever sobre um tema determinado. Mas tudo fica mais difícil quando expectativas são criadas e medidas por uma régua ilusória. criada por terceiros, e que não reflete a verdade da experiência acadêmica.

É duro quando as expectativas que os outros colocam sobre nossos ombros nos fazem duvidar de nós mesmos e de nossa capacidade acadêmica. Não se trata de má-fé, inveja, ou desejo de que fracassemos. Muitas vezes, as pessoas simplesmente falam aquilo que sempre ouviram ou buscam até mesmo nos preservar, para que não enfrentemos incautos o desafio.

No trabalho que venho desenvolvendo como mentor acadêmico, tenho lidado com muitas dificuldades enfrentadas por estudantes e candidatos em programas de mestrado e doutorado. Grande parte dos obstáculos identificados foi construída por expectativas excessivas fundamentadas em clichês que nem sempre refletem a verdade.

Mas tudo fica muito mais difícil quando o desafio de cursar uma pós-graduação stricto sensu é pintado como algo hercúleo, destinado a alguns poucos iluminados. Não é! E não precisa ser! Por isso, decidi escrever esse post. Precisamos refletir sobre alguns dos obstáculos usualmente apresentados e mostrar que a vida no mestrado e doutorado, embora desgastante, não é anormal.

# 1 Um mestrado é coisa de outro mundo

A primeira mentira a ser desconstruída é: o mestrado (ou o doutorado) é algo destinado a pessoas incomuns. Não é. Ninguém se torna um monge medieval guardião do conhecimento humano por ter um diploma acadêmico.

Um diploma é um certificado: o reconhecimento público de que você satisfez a alguns requisitos reconhecidos pela comunidade científica relevante. Nada mais, nada menos.

Não quero desvalorizar os títulos de Mestre ou Doutor ao dizer isso. Evidentemente, ninguém deve cursar o mestrado com a crença de que pode escrever qualquer bobagem para apresentar como dissertação. A pesquisa deve ser executada com esmero, cuidado e a profundidade necessária para abordar o tema escolhido, evidentemente.

Ambos são títulos relevantes e são o reconhecimento público de que você é capaz de fazer uma pesquisa de excelência acadêmica. E você deve, de fato, apresentar um trabalho acadêmico de qualidade. Deve efetivamente demonstrar a capacidade de dialogar com professores e pesquisadores de renome mundial em pé de igualdade com eles.

Mas não vale a pena colocar o título acadêmico num pedestal onde uns poucos alcançam a glória monumental de alcançá-lo.

Devemos colocar tudo em perspectiva. Em cada etapa de nossas vidas, temos que lidar com os desafios próprios do percurso que caminhamos.

Esses dias, mesmo, meu filhote está ansioso com a possibilidade de ir para a escola. Com a sabedoria dos seus três aninhos, está enfrentando os sentimentos ambíguos próprios de quem está por enfrentar um grande desafio. Há alguns meses, quando apresentado com a possibilidade de ir à escola, respondia firmemente: “não quero ir para a escola!”. Não adiantava nada dizer que ele encontraria outras crianças e aprenderia habilidades novas.

Ficar com a babá em casa era muito mais seguro do que passar o dia inteiro longe da família. Afinal, é esse o mundo que ele conheceu até aqui.

Sempre que enfrentamos um desafio novo, bate a ansiedade, o medo de enfrentar o desconhecido. É natural. As circunstâncias que permeiam a possibilidade de passar por uma experiência jamais vivenciada ativam nosso sistema límbico. Esse sentimento foi muito útil para assegurar a sobrevivência de nossos ancestrais, ao longo de nossa história evolutiva.

E o medo é, de fato, muito útil em várias situações. Aguça todos os sentidos para que possamos registrar as informações do ambiente e tomar a melhor decisão possível em uma situação nova. Imagine um ancestral humano que, ao procurar por abrigo, encontra uma caverna. Deve chamar a família para dormirem ali? E se houver um urso ou um leão lá dentro? Sem o medo, ele poderia entrar alegremente e se tornar o prato principal de uma alcateia.

Mas não podemos deixar o medo nos paralisar.  É preciso observar o desafio, colocá-lo em perspectiva e ter consciência das habilidades e capacidades que desenvolvemos em nossa trajetória para superá-lo. Se você sabe ler, escrever e encontrar um livro numa biblioteca, tem tudo o que precisa para fazer um mestrado e, depois, doutorado.

É só isso que você precisa ter para cursar o mestrado e o doutorado? Não. Mas essas são as habilidades mínimas sobre as quais todas as demais capacidades importantes para os estudos de pós-graduação são construídas. As capacidades de leitura e escrita críticas, concentração, de trabalhar arduamente por horas a fio para compreender bem textos acadêmicos e pesquisar podem ser desenvolvidas por qualquer um a partir dessa base. Só é preciso ter consciência das suas limitações e de que tais habilidades não se desenvolvem por si sós, mas pelo hábito de exercitá-las.

É como Aristóteles dizia: “Nós somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito”.

Assim como meu filho está com receio da realidade que encontrará na escola, é natural sentir medo dos desafios a serem enfrentados no mestrado ou no doutorado. Mas, ao invés de ceder ao medo, antecipando eventuais fracassos, é melhor se concentrar nos aspectos positivos da experiência. Não há nada a perder, e muito a ganhar. Novas experiências virão com a pós-graduação, você desenvolverá habilidades novas como pesquisador e professor, fará novos amigos e conhecerá muitas das discussões mais atuais na sua área de formação.

O mestrado e o doutorado não são coisa de outro mundo. São um desafio como qualquer outro.

Passar por uma entrevista de emprego, ser aprovado no vestibular, tirar a carteira de motorista: tudo isso foi difícil em seu momento. E nada disso era coisa de outro mundo, ainda que naquele momento específico pudesse parecer extremamente complicado.

Aliás, mais desafiador que o mestrado é entrar numa escola infantil depois de ter passado a vida inteira no aconchego do lar, onde é tudo muito diferente do que você já viu. E passamos por isso incólumes, não foi? Imagine o desafio que é chegar a uma sala de aula sem saber o que é uma letra e sair de lá lendo… é um refinamento absurdo de habilidades cognitivas, mas todos passamos por isso com sucesso.

Aproveite os desafios para se qualificar cada vez mais até superá-los. Não se desespere e siga em frente.

# 2 Você não pode escrever sua dissertação sobre o tema pelo qual é apaixonado

Essa é outra frase que ouvi por quase toda a minha vida acadêmica: que não podemos escrever sobre um tema pelo qual somos verdadeiramente apaixonados e com o qual temos grande comprometimento emocional. Mas não acredito nisso.

Tá certo que, no meu caso, forcei a mão. Graduado em direito, eu gostava mesmo era de filosofia da ciência e, especialmente, sou fissurado em biologia evolutiva. Desde o ano de 2003, tive um insight lendo o livro “As origens da virtude”, de Matt Ridley. Poderia usar os parâmetros da teoria evolutiva (Darwin) para entender como o direito surgiu e evoluiu na espécie humana.

Não consegui desenvolver a ideia no mestrado em direito. Contudo, quando estava no curso, tive a alegria de conhecer um professor do Departamento de Filosofia da UnB, Paulo Abrantes. Ele estava justamente fazendo pesquisa na área. Desenvolvemos uma boa amizade e depois tive a honra de ser orientado por ele no meu segundo mestrado – agora, em filosofia. E a proposta era justamente baseada na minha meta: e deu tão certo que foi premiada em 2012, pela Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia, como a  melhor dissertação de mestrado do país de 2010-2011.

Não foram poucos os que duvidaram do projeto. Professores riram e não foram poucos os que diziam que não tinha futuro algum. No dia da minha prova oral de doutorado (quando eu ainda não havia sido premiado), onde gostaria de desenvolver o tema ainda mais profundamente, ouvi de dois professores que o projeto de pesquisa jamais seria admitido. Resultado final: fui aprovado em primeiro lugar no certame. No curso do doutorado, a pesquisa deu tantos frutos que consegui ser aprovado como Visiting Researcher na Harvard Law School. Lá havia, inclusive, grupo de pesquisa ao qual fui vinculado e que pesquisava justamente meu objeto de pesquisa.

Estou falando de minha experiência para registrar que é uma grande mentira dizer que você não pode pesquisar um tema pelo qual é verdadeiramente apaixonado. É claro que você deve compatibilizar seus interesses com as linhas de pesquisa da instituição onde deseja cursar a pós-graduação. Mas não há nada contra perseguir seus próprios interesses.

Evidentemente, pode ser mais trabalhoso pesquisar um tema de seu interesse do que algo recomendado pelo seu orientador de mestrado. Mas é muito mais gratificante desenvolver um tema verdadeiramente seu, que tem o potencial de gerar uma pesquisa original e de se destacar.

Pesquisar um tema de seu interesse genuíno também traz outras vantagens para a própria experiência no mestrado e doutorado. Como o trabalho é árduo, será mais prazeroso passar horas estudando um tema de sua verdadeira paixão. É mais fácil estudar um tema propriamente seu do que um tema morno, escolhido por razões institucionais ou comodismo.

Mas é verdade que temas mais “mornos” também podem oferecer uma experiência satisfatória e, talvez, um pouco mais sossegada. Temas mais explorados tendem a ter bibliografia mais acessível, possibilitando um trabalho de pesquisa menos árduo mas, não por isso, de menor qualidade.

O ponto que eu gostaria de destacar aqui é que não me parece impossível pesquisar um tema pelo qual temos verdadeira paixão. Inequivocamente, é preciso ter discernimento para não defender determinadas posições apenas por sermos apaixonados por ela. A pesquisa demanda fundamentação teórica e racional para as posições sustentadas, bem como o enfrentamento lógico das posturas contrárias. Mantida a objetividade possível, contudo, é possível ter interesse profundo e apaixonado pelo tema e fazer uma pesquisa excelente.

# 3 O mestrado é uma experiência solitária

Na graduação, boa parte da experiência é coletiva. Temos, usualmente, uma turma de alunos que passa por todos os semestres praticamente a mesma. Como o cerne da graduação é a aprovação nas disciplinas isoladas que compõem a grade curricular, a monografia de fim de curso (TCC) acaba sendo uma circunstância excepcional. Você escreve, sozinho, a monografia ou o artigo, e a apresenta.

Muitas pessoas dizem para mim que o fato de o mestrado/doutorado se concentrarem mais na pesquisa inverte esse cenário. A quantidade de disciplinas cursadas é menor. Por isso, não existe um sentido de identidade na turma entre os que ingressaram no mesmo período. O mestrando/doutorando tem liberdade maior para escolher as disciplinas e o curso é concentrado na pesquisa e redação do texto acadêmico final (a dissertação/tese). Em virtude desse perfil, acreditam que a experiência do mestrado/doutorado é muito solitária, dedicada quase exclusivamente à pesquisa e à redação do texto acadêmico.

Mas isso não é necessariamente verdadeiro.

O mestrando/doutorando podem ter uma experiência mais solitária, se assim desejar. Mas a maioria dos bons programas de pós-graduação oferece boas oportunidades de interação. Não apenas nas disciplinas, mas também os grupos de pesquisa e eventos acadêmicos são excelentes oportunidade. Nesses núcleos, é possível discutir sua própria pesquisa, formar vínculos de amizade e ter uma vivência universitária mais gregária. Alguns dos melhores amigos que tenho hoje em dia foram conhecidos durante a pós-graduação.

Os espaços acadêmicos mencionados, além disso, são excelentes para discutir sua dissertação/tese. Professores e alunos podem dar boas sugestões e apresentar objeções que você pode agregar a seu trabalho. Essa prática permite  enfrentar objeções que poderiam aparecer mais perigoso, no momento de sua defesa de dissertação/tese. E seriam muito mais temerárias, porque não haveria tempo para um exame mais acurado de seu impacto real.

Recebidas com antecedência, as críticas podem ser devidamente avaliadas. Como resultado, você pode até fortalecer seu trabalho, rejeitando-as de modo fundamentado. Eventualmente, pode até recuar em sua posição por admitir que elas estão corretas. Faz parte de um trabalho acadêmico sério admitir estar errado. Errado é sustentar uma posição apenas por motivos ideológicos.

Portanto, a pós-graduação não é fundamentalmente um processo solitário. Há muitas experiências coletivas estimulantes e enriquecedoras a serem usufruídas!

Minha missão é impulsionar seu sucesso acadêmico. Do projeto de pesquisa à tese de doutorado, ensino estratégias que facilitam o caminho de quem deseja seguir na carreira acadêmica.

Fábio Portela

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